quinta-feira, 11 de março de 2010

Porque nada é pior que o silêncio que faz você escutar a voz mais baixa da sua mente

­ ­ Já era o momento mais escuro e triste da noite quando ele saiu sem direção. Andava como se um tiro tivesse acertado seu corpo em cheio, como se precisasse chegar a algum lugar e esperar a morte pra levá-lo embora. As lágrimas molhavam seu rosto de uma forma jamais vista, e o coração batia tão forte que parecia ser a última vez.
­ ­ Sentiu o cheiro da maresia, ouviu as ondas ficarem mais fortes, percebeu que estava mais perto do mar, até que mais um pouco pra lá, a luz da lua mostrava seu leito de morte. Quando sentou, o gramado parecia estar esperando o mesmo. Ele falava parecendo que alguém estava ali ouvindo suas dores, talvez estivesse, mas o vento trazia o som do mar e arrancava a voz da sua garganta, deixando-o mais fraco do que se sentia.
­ ­ Então, só restava deitar e esperar. Fechou os olhos na esperança que o tempo passasse mais rápido e tudo acabasse naquele instante. Quando percebeu, estava deitado numa cama, o ambiente era muito familiar e ele não estava sozinho. Ao seu lado, a mulher o olhava de uma forma que ninguém conseguirá fazer igual e seu sorriso o contagiava, tinha capacidade de mudar qualquer situação. Eles se abraçaram, sabiam que naquele momento eram um só. Sabiam também que, enquanto estivessem naquele quarto, nada do outro lado da janela e da porta tinha alguma importância. As horas passavam e eles se olhavam como se um entrasse no universo do outro, então perceberam que os dois corações diziam o mesmo. Mas uma luz muito forte atravessava as cortinas e as paredes do quarto, parecia que ele estava ficando cego e percebeu que algo estava o tirando aos poucos daquele lugar. Lutou pra não deixa-la, mas tal força era insuperável.
­ ­ Era o sol trazendo-o de volta para o mesmo gramado. Nunca foi tão difícil acreditar que teria voltado àquela vida de dor e angústia. Quando abriu os olhos, indignou-se e gritava seu desespero contra o sol. Caiu aos prantos na areia, chorava por não conseguir ser forte o bastante para superar sua maior perda.
­ ­ Quando voltava para sua casa, o pensamento dizia que aquilo tinha que parar, pois chegou a um ponto tão insuportável que outra voz o perturbava constantemente. Ela estava chamando pra um lugar sem volta, mas ele não tinha coragem de se machucar aos poucos. Precisava de algo instantâneo, algo que fosse tão brutal ao ponto de não sentir dor. Então prometeu a si que não pensaria mais no acontecido dos últimos meses, pois era o único jeito de ser mais forte que o desejo de acabar consigo. Desse jeito parece ser fácil, mas no final, o que se encontrou foi uma página com essa estória escrita e as manchas visíveis de lágrimas que borraram a tinta, por isso ele escreveu isto aqui e a estória continua sem alguma mudança, mas não foi em vão.

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